Nós vivemos em um tempo — ou um mundo? — em que ser superficial é um requisito básico. O texto deve ser curto para prender a atenção, o tesão deve ser dosado para segurar o interesse, o sentimento, quando se permite, deve ser raso para que as pessoas não se afoguem nele... Porque elas só aprenderam a nadar em águas rasas; e a covardia, que por muitas vezes disfarçam com sabedoria, não lhes deixa arriscar nunca.
E eu... prefiro ser arrastada por uma correnteza do que viver a conta gotas. Não sei me limitar, me podar, me conter, só sei viver os sentimentos em sua plenitude, e sou frequentemente tomada pela insanidade dos mesmos.
Fingir desinteresse não é comigo. Eu gosto do que gosto, amo o que amo e odeio o que odeio com todas as forças que possuo... até que as forças se esgotem, e o querer e suas variantes deixem de existir naquela determinada forma.
Uma parte de mim sempre se perde também, mas sigo em frente e não me fecho de forma permanente nunca. Digo que é a última vez, mas sou incapaz de viver de forma tão cínica. Antes eu me mataria, e deixaria de sentir por completo.
Pode me punir, me maltratar, me destroçar entre as mãos, e sim, eu vou sofrer loucamente, mas eventualmente estarei insistindo, na esperança de que talvez seja diferente.
O livro está aberto, a janela está aberta, as pernas estão abertas, a mente também está. O coração nunca teve porta.