quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Morre ator Michael Massee, aos 61 anos

   Nem todo ator consegue o nível de reconhecimento global que as pessoas associam a sucesso, e até mesmo talento. Nem por isso são artistas ou pessoas supérfluas.
   Para mim, a coisa mais legal de assistir seriados é aquele momento em que um ator que é figurinha carimbada aparece. A empolgação e obsessão que bate por minutos, até que eu lembre de onde o conheço.
   Michael Massee é uma dessas figurinhas carimbadas que fez breves, mas significativas aparições em muitos dos meus seriados preferidos (e alguns que ainda não assisti).
   Não é justo que um ator old school desses, que esteve em quase 80 produções, seja lembrado apenas por um acidente que provavelmente tomou anos de sua vida e carreira.
Um nó na minha garganta se forma a cada notícia vaga sobre sua morte, a falta de menção de colegas de profissão sobre essa perda...
   Ao longo dos anos o vi interpretar, em sua maioria, vilões, mas cada um deles com peculiaridades suficientes para não deixá-lo type-casted.
   Michael Massee nascido em 1955, em Missouri,  deixa uma viúva, Ellen Massee, com quem tinha uma boutique, e dois filhos.
   O ator é mais conhecido por suas atuações nos filmes O Corvo, The Amazing Spider-Man 2 e nas séries 24 Horas, FlashForward, Interventions, Rizzoli & Isles, House, Fringe, Cold Case, Alias, Carnivale e muitas outras. Ele também deu voz ao Dr. Bruce Banner em Ultimate Avengers. Ficará eternizado por seu talento e seus papéis sendo alguns dos meus preferidos, os seguintes:

24 HORAS (1ª TEMPORADA) - IRA GAINES

Ira Gaines era um membro do Navy Seals que foi exonerado por desonra, desde então ele se tornou um mercenário. Ele foi contratado por Andre e Alexis Drazen para matar o candidato à presidência Senador David Palmer e a família de Jack Bauer. Matou a pau em uma das minhas cenas preferidas do seriado (e definitivamente uma das mais épicas):




FLASHFORWARD (1ª TEMPORADA) - DYSON FROST (A.K.A D. GIBBONS)

Dyson Frost, também conhecido como D. Gibbons, foi uma das pessoas de interesse centrais da Mosaic Investigation, já que foi o único a permanecer acordado durante o blackout que ocorreu através do mundo inteiro:



SUPERNATURAL (3ª TEMPORADA) - KUBRICK

Kubrick foi um caçador e amigo de Gordon Walker, com quem se juntou para tentar localizar e matar os irmãos Winchester:



COLD CASE (4ª TEMPORADA) - KIRIL

Kiril era um criminoso americano que trabalhava transportando diversos itens ilegais e roubados. Ele era parte de um grupo de tráfico humano comandado por Nachalnik.
A música cai perfeitamente para esse momento de pesar.




Descanse em paz!


   

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Capítulo 1: DON'T LOOK BACK



Título: Don't Look Back (alternativo: Justice for Sara)
Autora: Erica Spindler
Gênero: Suspense/Drama/Romance
Editora: Sphere
Ano: 2013
Número de páginas: 444
Onde comprei: Book Depository


  Há um tempo venho criando coragem para começar a escrever sobre os livros que leio. Não tenho um propósito específico, mas isso é algo que eu fazia quando era mais nova, e acho um exercício interessante. É improvável que alguém leia, mas vamos lá.

  Embora muitos títulos constem na lista de livros para comprar (e ler), às vezes tenho dinheiro e não quero comprar nenhum deles (não me pergunte por quê). Nesses momentos fico vagando pela Estante Virtual, Saraiva, Submarino e afins, analisando os livros que estão baratos. Porém, esse ano decidi que não irei mais comprar livros traduzidos do inglês, porque já me sinto à vontade com o idioma, e quero expandir meu vocabulário. O Book Depository caiu como uma luva nessa missão. Apesar da alta do dólar, às vezes compensa mais comprar lá, que vem do Reino Unido, do que na Estante Virtual — por conta do frete.
   Pra mim o único problema do Book Depository é que justamente pelo frete ser gratuito, os livros não têm código de rastreio, o que pode gerar alguma apreensão. Esse demorou cerca de 3 meses para chegar. Tirando a ansiedade, o site é completamente confiável. Eles dão todo o suporte necessário, e até enviam uma nova cópia caso a original seja extraviada.
   Don't Look Back foi comprado em uma dessas ocasiões em que nenhum dos livros na minha lista me atraíam o suficiente. Após navegar por algumas horas na aba de thrillers em desconto no Book Depository, o encontrei, e a sinopse me lembrou muito Sharp Objects da Gillian Flynn, que li ano passado e me deixou sedenta por mais. Verifiquei a nota no Good Reads  e constava um surpreendente 4.1, mas diante da incerteza se ele valeria a pena ou não, acabei não comprando. Passados alguns dias, me arrependi, e fui ao site, só para descobrir que ele tinha esgotado. Fiquei me martirizando, mas não desisti, e entrei no site religiosamente até que ele voltou ao catálogo. Estava pouco menos de 5 dólares, o que, no dia, se traduziu em míseros 16 reais. 
   O livro conta a história de Kat McCall, uma garota rebelde que perdeu os pais e vive com a irmã mais velha, Sara. O relacionamento das duas é extremamente conturbado, porque  a Kat vive mentindo, e constantemente tem explosões de raiva, que resulta em agressões verbais. Quando Sara descobre que a irmã fingiu estar no time de softball para ter tempo livre com o namorado, — o típico bad boy de cidadezinha — Kat é castigada. Sem computador, sem telefone, sem sair de casa. Inconformada, ela grita para quem quiser ouvir que queria que Sara estivesse morta.
   Para seu azar, seu pedido se realiza, e pouco após esse episódio público sua irmã é brutalmente assassinada em sua própria casa. Não apenas isso, o crime se dá através de pancadas violentas com o mesmo taco de baseball que Kat usava, e que foi um dos motivos da briga.
   Kat, que permanecera em seu quarto, já que estava de castigo, acorda para encontrar a cena e chama a polícia. Quando Stephen Tanner, o chefe de polícia da cidade chega para averiguar o crime, encontra Kat agindo como se nada estivesse acontecendo, e até mesmo dando risadinhas, o que o deixa com os cabelos em pé. Aqui um fato interessante: segundo entrevista que a Erica Spindler deu, a reação de Kat é baseada na reação de um pessoa real: Amanda Knox.
   A cena do crime é tão gore que o durão chefe de polícia, um alcoólatra em luto pelo filho, acaba botando as tripas para fora. Ele logo fica obcecado com a reação de Kat. Todas as suspeitas recaem sobre ela, já que o crime foi obviamente passional, e a cidade inteira, incluindo seus amigos, testemunham que ela odiava a irmã e queria vê-la morta para botar as mãos na fortuna, a qual ela só teria direito ao atingir a maioridade. 
    Acobertando o namorado, que tem 20 anos e poderia se encrencar se viesse a tona que eles mantinham um relacionamento (que incluía sexo, maconha e planos homicidas), Kat muda repetidamente sua história, perdendo mais e mais a pouca credibilidade que tem.
    Apesar das mais variadas provas circunstanciais, Kat é inocentada pelo crime e decide deixar a cidade, já que é abandonada por todos seus amigos, seu namorado, e basicamente não tem mais família além de um primo, Jeremy (que também administra a fortuna da família).
  O livro começa de fato 10 anos após o crime, quando Kat retorna a Liberty, para descobrir quem é o verdadeiro assassino de sua irmã. Ela logo recebe a visita do novo chefe de polícia, Luke Tanner, filho do homem que destruiu sua vida. Stephen ainda nutre amargura por Kat ter "ficado impune pelo assassinato que cometeu".
  Luke costumava ser um jovem rebelde, mas agora é um cara "de boa", ou assim tenta se convencer, pois isso é irritantemente afirmado o tempo todo, tanto pelo personagem quanto pela autora. Apesar disso, ele contraria o pai em diversos momentos, e mais tarde é revelado que ele sofre de uma carência massiva, já que após a morte do irmão, o relacionamento dele com seu pai se fragmentou.
  Atraídos à primeira vista, Luke e Kat flertam diante dos olhos da cidade inteira, embora ela resista à ideia de namorar um policial. 
   Relutantemente, Luke aceita ajudar Kat a descobrir o verdadeiro assassino de sua irmã, e reabre o caso. De pano de fundo, no mesmo dia que Sara foi assassinada, um policial, Wally Clark, também foi baleado. Luke decide reabrir esse caso também, pois acredita que os dois estão conectados.
  Vítima de vandalismo e ódio por parte dos moradores da cidade, Kat logo descobre que seu antigo namorado, Ryan, está noivo de sua ex-melhor amiga, a rica e insegura Betsy.
  À partir daí se desenrola a investigação de Kat, que a despeito do pedido de Luke, se envolve em situações perigosas em busca de JUSTIÇA PARA SARA.
  Essa questão consegue ser bastante interessante, pois o livro tem personagens o suficiente para entreter várias possibilidades: agora o ex-namorado de Kat e o ex-namorado de Sara são os principais suspeitos. Ambos tinham o mesmo motivo: estavam interessados na herança das McCall, e os mesmos meios. 
  Confesso que a certo ponto cheguei a pensar que Kat fosse realmente culpada, e não sei se isso ocorreu por minha pouca confiança nos seres humanos (mesmo os fictícios) ou se a autora quis causar no leitor a mesma suspeita que a cidade inteira nutria. Teria sido um plot twist interessante.
  A leitura é fácil, rápida, mas isso só ocorre porque a Erica Splinder é uma escritora bem meia-boca. Não é de se admirar que ela tenha publicado mais de 30 livros — o público geral adoooora uma trama fácil! Ela repete muito as ideias e os termos utilizados. Eu não aguentava mais os personagens "laying their hands on their laps" ou "shifting their gaze". O excesso de drama e tragédias e culpados é o mesmo tipo de baboseira que eu escrevia quando tinha 15, 16 anos... 
   Eu não sei como meus olhos não ficaram permanentemente prejudicados de tanto que eu os revirei lendo certos diálogos (e a vergonha alheia me fazendo corar loucamente). Em alguns momentos me senti como quando era adolescente e lia romances de banca, especialmente no que diz respeito ao relacionamento da Kat e do Luke. Eu adoro um bom flerte entre personagens, e o Luke é super galante, em alguns pontos fofos, mas a maneira como eles foram abordados soou bem brega. Eles se conheciam há menos de um mês e estavam pensando em casamento, em amor... Em thrillers eu só quero uns beijos e uma foda, esse papo de amor pode ficar para romances (que não leio). 
   [spoiler]"when he entered her, she cried out. It was as if she had been waiting all her life for this moment. For this man."[/spoiler]
  Alguém me mate, por favor!
  Isso sem contar o conflito de interesse. Os motivos de Luke para reabrir o caso chega a ser questionado por alguns personagens durante interrogatórios pifiamente conduzidos. Enquanto eu lia, fiquei pensando o que aconteceria se aquilo chegasse a corte. A forma que eles seriam destroçados no tribunal! Os advogados estavam ali só para constar: a lógica da autora é assustadoramente burra. E ela teve consultores!
  Eu aprendi, nos últimos anos, a esperar mais de personagens femininas (obrigada Gillian Flynn!), por isso a Kat é extremamente frustrante para mim. Sempre toma as piores decisões possíveis, se colocando em risco desnecessariamente, impulsiva, e dependente do "galã" para salvá-la (o que ocorre vezes demais para o meu gosto!). Ela é patética. Por ter sido escrito por uma mulher, poderia ter fugido desse padrão hollywoodiano. 
  Apesar disso, não posso dizer que não gostei do livro, caso contrário não o teria terminado. Fiquei grudada a ele pelo suspense, lendo páginas após página, louca para descobrir o final (e dando uns sorrisinhos quando o Luke era fofo......... também sou patética).
  Eu saquei quem era o verdadeiro assassino bem antes do final, só errei o motivo (mais ou menos). O livro tem um final felizinho, o que para mim é um ponto negativo. Gosto de finais realistas, arrebatadores, não desses clichês! No geral, o livro todo poderia ser mais realista. Me tira do sério quando os personagens ficam dias acordados e sem comer! Os pequenos detalhes importam sim! Se até 24 Horas mostrava o Jack Bauer tirando um cochilo e comendo, porque um livro de 444 páginas não pode?
  Definitivamente não chegou nem aos pés de Sharp Objects. Mas é um bom livro para entreter, tem uma boa história, apenas um pouco mal executada. 
  Já fiz o pedido de outro livro da autora para ver se mudo essas impressões sobre sua escrita (porém, pelo que li por aí, não vai acontecer). 

  Uma ressalva: eu QUASE NUNCA imagino os personagens da forma que eles são descritos. A imagem vem na minha cabeça mais pela personalidade dos mesmos do que pelas descrições dos autores. Inclusive as dispenso! Não adianta o autor dizer que a mulher tem 1,65, olhos azuis e pele branca.... se eu imaginá-la uma negra de 1,80 não vou me forçar a vê-la de outra forma!

  + eu comecei a ler o livro imaginando o Luke como o Daniel Bess, e lá pro fim, por algum motivo, passei a vê-lo como o Andrew Lincoln. Talvez porque o livro começa muito bem e vai decaindo e se tornando outra coisa da metade para o fim. 

  Leria de novo? Provavelmente não.
  Nota: 3 (de 5)