sábado, 3 de janeiro de 2015

ponto e vírgula

           "Erros e mais erros, às vezes penso que isso é tudo de que sou capaz"
A Menina que Roubava Livros


   É óbvio que o problema de aniversários, quando você leva uma vida infeliz, é justamente a recordação de todos os possíveis momentos que te levaram ao instante de infelicidade atual, e o amargor de todos os momentos de felicidade, agora muito, MUITO distantes. No meu caso, tudo fica muito mais acentuado por fazer aniversário logo após o natal e a passagem do ano, que sempre deixam um quê de depressão. Se eu acabar me matando mesmo um dia, vai ser nessa época do ano.
   O que mais martela todo dia 3 de janeiro, há muitos anos, são as pessoas que eu gostaria que surgissem do nada para me parabenizar (o que por si só é bizarro, pois não existem motivos para parabenização no meu caso, e eu sei disso). E com isso devo dizer — o motivo de eu esperar que elas surjam do nada, é porque a grande maioria foi afastada por mim mesma. Pois é. Agora eu fico aqui pensando nelas, em todos os momentos de alegria, momentos engraçados, momentos em que pensei ser amada em retorno... e penso sozinha, possivelmente. Considerando que nem meu próprio pai perdeu 5 segundos do dia para me mandar uma mensagem, uma coisinha qualquer, um "feliz aniversário, sua filha da puta", que fosse, acho difícil acreditar que pessoas, hoje completas estranhas, estejam pensando "ah... hoje é o aniversário da Cy, ó... como será que ela está? Que saudade". Não. Não sentem saudade. Não lembram de minha existência. E por que deveriam? Eu, se pudesse, apagaria completamente de minha mente essa maldita existência também. 25 anos de desperdício, de puro ódio, de inveja justificada, de desamor — pelos outros e por mim. 
   Mais uma vez vejo como minha vida é realmente cíclica. Sei que muitas pessoas pensam assim, mas é muito sinistro ver como tudo se repete, na perfeita ordem, de uma forma tão bem estruturada, que quase vou à loucura, duvidando da veracidade da minha vida e da vida de todos ao meu redor... Talvez seja tudo criação minha. E o ego realmente ataca. Sim, você, que está agora lendo isto, não existe; você, seu cretino, é uma invenção da minha mente doente. Talvez eu esteja num hospício neste exato momento, ou morta, e vivendo no inferno, e você é menor que um inseto, porque eu te criei, e eu sou menor que um inseto na vastidão do universo, que também foi uma invenção. É fácil se perder nessas coisas.
   Talvez eu seja Deus. E Deus é vingativo. Curve-se diante do teu Deus!