sexta-feira, 9 de maio de 2008

Meu querido blog diário...

Eu sei que cada dia que passa eu fico mais ridícula e presa em coisas que não me pertencem. Já passou a minha fase de diários e coisas do tipo, mas toda vez que eu começou a ler "Mais Pesado que o Céu", ou mesmo quando eu olho pra ele, eu percebo que me faz falta não só ter onde escrever, mas também que minha vida pode acabar a qualquer momento e eu não estaria deixando nada meu no mundo. Não que um diário (ainda mais online) faça alguma diferença, mas...
Essa sensação de inutilidade em mim me apavora. Antes eu tinha minhas poesias, minhas histórias... e hoje eu mal consigo escrever por alguns minutos, sem me perder nas palavras, por não conseguir elaborar... eu sinto que não consigo mais me expressar por meio das palavras. Isso é algo triste pra mim, mas eu sempre soube que chegaria o momento em que isso não me bastaria e eu deixaria de lado. Eu ainda tenho ilusões de ser famosa pelas minhas poesias, mas não sei até que ponto eu estou disposta a lutar pra que isso aconteça. Eu me sinto não só uma estranha, perdida num mundo que não conheço, mas eu também não sei mais se tenho talento pra tanto... Nem quem aprecie minhas poesias. Como eu disse no começo do post, eu tô muito presa a coisas que não são minhas, mas que já foram. Eu sinto saudades do meu idealismo, das minhas crenças, do meu corpo... e daqueles que um dia foram importantes pra mim. Eu sinto saudades até do meu pai, e moramos juntos! A coisa é assim: a gente cresce e as ilusões vão indo embora, uma a uma. Eu não sou mais aquela garota que meu pai carregava no colo, por pura brincadeira... eu não sou mais a "flor" dele, ou a "princesa". Eu nem sei quem sou. Mas a culpa não é só minha. Aquilo era tudo ilusório. Meu pai mostrava uma pessoa que ele não era. Eu percebo porque a gente perde as ilusões! É porque quando crescemos, entendemos coisas que antes não tinham significado, e essa foi a minha maior desgraça. Entender. Saber. Por isso que dizem que a ignorância é uma benção! Não que eu me julgue assim tão sábia, mas hoje em dias coisas que não faziam sentido antes, agora fazem. Mas também, coisas que antes eram perfeitas, hoje é podridão. Eu gostava de pensar no meu pai como o melhor homem do mundo. Eu gostava de pensar na minha mãe como uma mãe que eu amava muito. Apesar de tudo, eu era feliz, sim. Eu era feliz quando eu cantava na igreja, era feliz quando o Francis ficava mexendo no meu cabelo; meus cachinhos. Eu era feliz quando eu colocava aquele conjunto rosa que a minha mãe havia feito pra mim. Eu queria poder voltar no tempo e fazer tudo diferente. Eu esperei tanto do meu pai. Eu me ferrei tanto, por pensar que era o melhor que podia fazer por ele. Algumas pessoas gostam de dizer que eu me faço de vítima. Mas a verdade é que eu fui a vítima. E o meu medo é que mais tarde eu faça de vítima, outras pessoas. Eu fico decepcionada com quem eu sou hoje e por perceber que as pessoas que estão do meu lado também são decepções. Eu sei que coloco meus antigos amigos em pedestais, só porque não convivi com eles, mas eu realmente queria ter convivido. Não na esperança de que eles me decepcionassem, mas na esperença de que tudo ainda fosse perfeito e eu pudesse acreditar que dentro das pessoas existe ainda a bondade. Eu não consigo mais acreditar nisso. É um pensamento bonitinho, que as pessoas nutrem: assim como existe o mal nas pessoas, existe o bem. Eu não consigo mais ver dessa forma. Quando eu olho pra alguém, eu vejo o mal que existe dentro dela e percebo que a parte boa é puro disfarce. Uma máscara que teimam em usar, mas que um dia (mais cedo ou mais tarde) vai acabar caindo. Talvez eu me use como base, quando julgo as pessoas. Eu uso uma máscara que nem a pessoa mais próxima (emocionalmente) de mim, poderia imaginar como é feia a minha verdadeira face. Eu não tenho medo que um dia ela caia, mas eu tenho medo que um dia eu me deixe dominar por essa parte totalmente má que existe em mim. Não é medo de decepcionar as pessoas, mas de me decepcionar. É fácil pras pessoas, me julgar! Julgar a minha solidão, o meu isolamento... Mas eu escolhi assim. Pra mim não é fácil ficar perto das pessoas. As coisas que eu penso... as coisas que elas me fazem pensar. Eu não sei mais se eu odeio mais a elas, ou a mim. A elas por me fazerem sentir o que sinto, a mim por sentir o que sinto. Eu queria poder ser normal, mesmo que iludida. Poder viver em paz, mesmo que iludida. As coisas são tão mais fáceis, quando a vida é cheia de ilusão. Eu quero as minhas ilusões de volta.